Seis anos depois da última edição, o Festival de Setembro regressou à Vila Medieval de Ourém. Durante três dias, o Centro Histórico acolheu um conjunto de iniciativas de cultura, conhecimento e diálogo em torno da diversidade cultural. Inspirada no tema “Nós, Migrantes”, esta edição parte das trajetórias da emigração oureense para França, Reino Unido, Brasil, Angola, Moçambique, a par de todos os outros destinos do mundo, para pensar novas conceções de lugar. Através de um cruzamento disciplinar em ambiente de festa e em cocriação com a comunidade local, o Festival idealiza e interpela as relações entre património, interculturalidade e produção de lugares renovados.
RETROSPETIVA
Após uma edição 0, em 2014, a 1.ª edição do Festival de Setembro aconteceu em 2015. Com o tema “Inspirações do Mediterrâneo” o festival abordou “O Mediterrâneo a partir do itinerário do 4.º Conde de Ourém”. Em 2016, a partir da “Diáspora e presença judaica em Ourém”, o festival celebrou a herança e as marcas deixadas pelos Judeus em Ourém. O tema de 2017, “De Ourém ao Oriente” inspirou-se na ligação entre Ourém e o Oriente a partir da viagem de Francisco Vieira de Figueiredo no crepúsculo do império português do Oriente (no século XVII) para trazer as marcas culturais dos países do Sudeste Asiático/Oriente por onde este destacado comerciante e diplomata oureense passou.
Em 2023, concluída a reabilitação do Castelo e Paço dos Condes, o Festival retoma com o tema “Nós, Migrantes”.
“NÓS, MIGRANTES”
O espírito cosmopolita do 4.º Conde de Ourém, Dom Afonso, inspirou o Festival de Setembro, que transformou, ao longo de 3 dias, a simbólica Vila Medieval de Ourém. A partir da base identitária de Ourém, simbolicamente refletida no Castelo, o conceito do Festival de Setembro partiu da relação entre Património – História do Lugar – Interculturalidade. Inspirada no tema “Nós, Migrantes”, esta edição partiu das trajetórias da emigração oureense para França, Inglaterra, Brasil, Angola, Moçambique, a par de todos os outros destinos do mundo, para pensar novas conceções de lugar. Através de um cruzamento disciplinar em ambiente de festa e em cocriação com a comunidade local, o Festival idealizou e interpelou as relações entre património, interculturalidade e produção de lugares renovados.
SESSÃO DE ABERTURA
O Festival teve início na sexta-feira, dia 8 de setembro, com uma sessão de abertura que decorreu no Auditório do Paço dos Condes e que contou com as presenças do Presidente da Câmara Municipal de Ourém, Luís Miguel Albuquerque e restante vereação, do Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, Francisco André, e de representantes do Observatório da Emigração (Cláudia Pereira), do Alto Comissariado para as Migrações (Mário Ribeiro) e do Centro em Rede de Emigração em Antropologia (CRIA), entre os demais convidados.
Luís Miguel Albuquerque, o primeiro orador da sessão de abertura, destacou o regresso do Festival num cenário melhorado, tendo em conta as obras de requalificação do Castelo e do Paço dos Condes e que permitem condições de acessibilidade e visitação sem precedentes. O anfitrião da sessão fez ainda alusão aos mais marcantes aspetos demográficos do concelho de Ourém, num cenário indubitavelmente marcado pelas dinâmicas demográficas da comunidade migrante a viver no nosso território. Cláudia Pereira, do Observatório da Emigração apresentou em números e graficamente as tendências demográficas da “emigração” e da “imigração” no nosso concelho, por país, ao longo das décadas. Mário Ribeiro, do Alto Comissariado para as Migrações, usou a sua intervenção para destacar o trabalho e espírito de missão do CLAIM de Ourém, a quem agradeceu também a cooperação, num concelho com 6.3% de população estrangeira residente.
A sessão de abertura terminou com a intervenção do Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros. Francisco André, também ele um Oureense, começou a sua intervenção elogiando o trabalho de reabilitação do Castelo e do Paço dos Condes, um tão importante e marcante símbolo da cultura Oureense. Aflorou também a sempre disponível e pronta cooperação institucional na área social, nomeadamente ao nível do acolhimento de refugiados, referindo-se a Ourém como detentor de uma “visão moderna e aberta” tão essencial, para compreender e atuar na área do acolhimento da comunidade migrante. Francisco André terminou com um número, relativamente à comunidade emigrante. Segundo os mais recentes dados, os cidadãos naturais do concelho de Ourém a residir no estrangeiro ascendem a 12 000, espalhados por 36 países. Esta “disseminação” e a cada vez maior representação em cargos de relevo em todo o mundo, enriquece e dignifica, muito, a nossa matriz identitária.
O momento inaugural do Festival marcou ainda o início da programação com o Seminário “Trajetórias da Emigração Portuguesa”. Este fórum, onde participou a comunidade científica, fez uma reflexão conjunta em torno do panorama atual da emigração portuguesa, alargando a discussão a dinâmicas culturais e representações identitárias construídas a partir das trajetórias migratórias. “Trajetórias da emigração portuguesa” contou com o alto patrocínio do Observatório da Emigração, que abordou o panorama atual da emigração portuguesa, e as várias conferências e tertúlias contaram com a participação da comunidade local e do Alto Comissariado para as Migrações e CRIA – Centro em Rede de Investigação em Antropologia.
DIA 8
O primeiro dia do Festival de Setembro foi um Mundo de cores, culturas e sensibilidades materializadas em Seminários, Visitas guiadas, Tertúlias, Música, Cinema e Teatro, num cenário deslumbrante. Destaque para “Conversas com o tempo”, um momento de troca de lembranças e impressões protagonizado por utentes de IPSS de Ourém, em torno das suas experiências de viagem e migrações. Para além do concerto de Dan Inger, “a viagem”, por Mãozorra, ou a atuação de Xaral’sdixie, o momento alto da noite foi o concerto da angolana Selma Uamusse que esgotou por completo o Anfiteatro dos Torreões, tendo a programação terminado com a atuação do DJ Nuno Beats.
DIA 9
A Vila Medieval acordou inspirada pelo espírito cosmopolita do 4.º Conde de Ourém, Dom Afonso, num clima repleto de sensações, sabores e objetos de todo o mundo. O Jardim de Santa Teresa abraçou o “Mundo à volta – Espaço Criança” que fez a delícia dos mais novos ao longo dos três dias em espetáculos como “Filas de sonhos”, de Rita Sineirou ou “Sopa de Jerimu” de Graça Ochoa. A tarde incluiu iniciativas como a tertúlia “Migração e Cidadania”, um workshop de kizomba, uma representação pelo Grupo de Teatro Apollo, “Rizoma”, “Ninaninar” ou A Trans(H)umância, por Kopinxas numa Vila já a transbordar de sensações. A noite caiu e trouxe com ela a exibição do documentário Andorinhas, O Salto, pela Arabesque e o concerto de Luca Argel que, uma vez mais, fez vibrar o Anfiteatro dos Torreões.
DIA 10
A programação iniciou-se na Galeria da Vila Medieval de Ourém, onde Marta Pinto, perante uma plateia maioritariamente infantil, apresentou o seu livro “Emigração. Que palavra esquisita!” e quase em simultâneo decorreu, no Torreão Nascente, a conferência “Ecos, exílios: Contrariar o silêncio”. A literatura acabaria por regressar à Galeria com José Carlos Godinho e a sua obra: Como o Fumo do Comboio” e, ali próximo, teve início a performance do grupo “Tocándar”. Ao longo da tarde decorreram o espetáculo “Chá das cinco” e o concerto de João Frade.
Durante os três dias foi também possível desfrutar da gastronomia francesa, inglesa, brasileira, angolana e moçambicana, sem sair do concelho. Explorar o espírito da viagem do 4.º Conde através de visitas guiadas, visitar as exposições “Por uma vida melhor”, de Gérald Bloncourt e “Nós Migrantes”, assim como a vasta mostra de artesanato.
ENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE
O Festival de Setembro apostou numa verdadeira valorização da cidadania e participação das comunidades locais. Para além de toda a participação popular, 15 IPSS do concelho foram desafiadas a promover oficinas de confeção de flores de papel, utilizadas como adereços decorativos na Vila Medieval de Ourém. O Saber fazer das flores de papel deu ainda origem ao documentário “𝑨𝒏𝒅𝒐𝒓𝒊𝒏𝒉𝒂𝒔”, inspirado nas práticas e imagens tradicionais das festividades locais de verão. Mais do que um lugar de espectador, mulheres e homens do concelho assumiram o protagonismo na cenografia das ruas em tons das bandeiras dos principais países representados na festa. O documentário “Andorinhas” foi transmitido no Festival de Setembro em primeira mão.
UM ATÉ JÁ
A grande viagem de “Nós, Migrantes” chegou ao fim. Mas durante 3 dias, a Vila Medieval de Ourém foi um observatório da diversidade cultural, inspirado nas trajetórias da emigração além fronteiras e materializadas nas mais diversas expressões artísticas.
Música-Teatro-Dança-Conferências-Literatura-Cinema-Exposições-Património-Gastronomia-Artesanato. O Festival de Setembro parou em todas estas estações e apeadeiros. Ao longo de três intensos dias foram milhares aqueles que ousaram subir a bordo desta aventura por culturas distantes e sensações longínquas. Trazemos nas malas um rol de memórias e sentimentos renovados, moldados pelo cruzamento de vivências e as relações entre Património, História do Lugar e Interculturalidade.
Obrigado por terem feito vossa, esta nossa viagem!
Até para o ano.
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